Astrologia e Tarot com Miriam Augusto

© Miriam Augusto

Viajante intrépida, é Mestre em Medicina Legal, fundou uma agência de viagens, e quando precisava de (outra) mudança na sua vida dedicou-se mais ao lado espiritual. Com 40 anos, Miriam Augusto morou os dois últimos anos na ilha de Bali, na Indonésia. onde nasceu o seu projeto “Jalan Jalan”*, onde o foco é a Astrologia, mas também tem leitura de Tarot. Tenciona em breve lançar viagens de desenvolvimento pessoal somente para mulheres.

“Nessas sessões, combino as minhas capacidades intuitivas com técnicas astrológicas ocidentais e védicas, juntamente com cartas de Tarot, com o intuito de empoderar, com orientação personalizada, quem me procura.
Neste momento encontro-me a expandir o projecto. Estou a organizar viagens de desenvolvimento pessoal para mulheres, as Soulful Trips for Women. Os primeiros destinos serão Indonésia e Marrocos, tendo como objectivo também realizar em Portugal e, eventualmente, expandir para outros países. O objectivo é proporcionar um espaço seguro, onde uma fusão única de Astrologia, Surf, Yoga e Empoderamento serão os catalisadores para inspirar, desafiar e capacitar jornadas de crescimento pessoal através da autoconsciência.. Conheça-a um pouco melhor nesta Entrevista do MulheresEmViagem.pt. Encontram a Miriam, e têm mais informações, em Jalan Jalan*.

© Miriam Augusto
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MulheresEmViagem.pt – Sempre estiveste ligada à Astrologia ou foi algo que surgiu mais recentemente e decidiste estudar mais sobre isso?

Miriam Augusto – A minha ligação com a Astrologia foi desenvolvida ao longo do tempo e não algo que tenha estado presente desde sempre. Desde criança, sempre tive interesse pelo misticismo e pelo mundo do oculto, o que me levou a explorar diversas áreas, como xamanismo, cristaloterapia, reiki, tarot, entre outros.

No entanto, a Astrologia, que sempre me pareceu bastante complicada e complexa (e é!), entrou na minha vida por acaso.

Estava a fazer scroll no Instagram e deparei-me com uma publicação patrocinada da Rising Woman, que propunha aprender a interpretar o nosso mapa natal. A publicação chamou-me a atenção, tendo ficado a ponderar sobre isso até que decidi inscrever-me no curso.

Foram seis semanas de estudo que me trouxeram validação, mas também uma maior autoconsciência. Tendo ficado fascinada com tudo o que aprendi, quando surgiu a oportunidade de fazer a formação profissional, não hesitei em me inscrever e completar a certificação. Actualmente, estou empenhada em expandir ainda mais o meu conhecimento, direcionando-o para a área que mais me fascina que é o crescimento e desenvolvimento pessoal.

MulheresEmViagem.pt – Qual o teu percurso profissional e quando decidiste transformar a Astrologia no teu principal trabalho?

Miriam Augusto – – O meu percurso profissional foi uma jornada diversificada e enriquecedora. Após concluir a minha licenciatura em Química, seguida de uma Pós-Graduação em Ciências Médico-Legais e um Mestrado em Medicina Legal, embarquei numa gratificante carreira como Viajante Profissional.

Durante 8 anos, tive a oportunidade de criar e gerenciar com sucesso a minha própria Agência de Viagens de Aventura, onde o principal objetivo era proporcionar experiências de viagem responsáveis, sustentáveis e transformadoras.

Vários países, fusos horários, climas, comidas, culturas, cheiros, perspectivas, valores, estilos de vida, crenças, pessoas… Tudo isto foi, em parte, a minha fonte de sabedoria que contribuiu para quem me tornei e para o caminho que estou a percorrer hoje. No entanto, um dia, tudo deixou de ressoar e mudei a minha vida toda!

Passados 7 anos, realizei o meu sonho de me mudar para Bali e, após alguns anos a investir na Formação Holística, encontrei finalmente o que realmente preenche o meu coração: A Astrologia Sagrada!

Em 2022 tornei-me numa Astróloga Certificada pela Rising Woman. A Astrologia trouxe-me auto-compreensão e auto-aceitação, enquanto mergulhava e tomava consciência do plano que o meu mapa natal representa.

Ao mesmo tempo, senti-me capacitada para fazer o meu trabalho interior e para conduzir o caminho da minha alma da melhor forma possível ao longo desta vida, cumprindo o seu propósito. Toda esta experiência foi de tal forma impactante e ressoou de tal forma, que quis ajudar outras pessoas a explorar e trazer à consciência os potenciais bloqueios, padrões e crenças limitantes que as impedem de alcançar todo o seu potencial e viver uma vida de realização.
Assim surge a Miriam Astróloga :)

© Miriam Augusto
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MulheresEmViagem.pt – Há cada vez mais uma abertura para se entender que a Astrologia tem um papel forte no processo de desenvolvimento pessoal. Como caracterizas essa importância, ou seja, como dirias a alguém que é importante sabermos e entendermos o nosso mapa astral?

Miriam Augusto – A Astrologia oferece um plano claro para o nosso crescimento e evolução ao longo da vida, e existem diversas abordagens dentro desse campo. No meu caso pessoal, concentro-me principalmente no autoconhecimento e na autoaceitação.

Quando realizo uma leitura, o meu foco principal é fornecer às pessoas uma compreensão mais profunda de si mesmas.
Durante a leitura, desvendo os potenciais bloqueios, padrões e crenças limitantes que podem estar a afetar várias áreas da vida da pessoa. Através dessa análise, os indivíduos podem começar a identificar e superar os obstáculos que estão a impedir o seu crescimento e desenvolvimento pessoal.

Além disso, a Astrologia também me permite explorar o propósito de vida de cada pessoa e as lições que vieram aprender nesta encarnação, proporcionando uma visão mais clara da razão pela qual estão aqui e como podem contribuir de forma significativa para o mundo.

No final de uma leitura comigo, pretendo que as pessoas saiam empoderadas, com uma maior autoconsciência e compreensão de si mesmas, permitindo-lhes tomar decisões mais alinhadas com quem realmente são, de modo a alcançarem todo o seu potencial.

A Astrologia, quando usada como ferramenta de auto-exploração e crescimento pessoal, pode ser uma jornada profundamente transformadora. Óbvio que, na minha perspectiva, só por si não faz milagres, daí eu muitas vezes sugerir aos meus clientes terapias complementares como psicoterapia, EMDR, constelações familiares, entre outras.

MulheresEmViagem.pt – E o tarot? Nunca tivemos ninguém a falar do tarot no MulheresEmViagem.pt e gostaria que explicasses um pouco mais como funciona e a quem aconselhas a leitura?

Miriam Augusto – Adoro Tarot!
O tarot é essencialmente um baralho composto por um baralho de 78 cartas. É uma ferramenta holística que, através das suas imagens e símbolos, nos permite aceder ao nosso inconsciente e sabedoria interior.

Quando fazemos uma tiragem e estudamos as respectivas cartas, as respostas vêm à superfície dado que activamos a nossa imaginação que, por sua vez, activa a nossa intuição. No fundo, o tarot não nos diz nada que já não saibamos. Leva-nos antes a explorar o nosso conhecimento inconsciente, trazendo à consciência informações latentes, que nos ajudam a confrontar os resultados mais prováveis das nossas ações e pensamentos.

Esta é também uma arte que está acessível a todos. Qualquer pessoa pode aprender a ler tarot. Obviamente que umas pessoas têm uma intuição mais aguçada do que outras, mas isso também se trabalha.

Pessoalmente, faço leituras de tarot intuitivo com o objetivo de proporcionar uma perspectiva única relativamente a situações ou problemas que as pessoas se encontram a enfrentar.

Contudo, considero que o tarot é mais eficaz quando utilizado em momentos de dúvida ou quando se procura uma clarificação sobre um assunto em particular. Cada leitura é uma exploração da energia do momento, e essa energia pode mudar com o tempo, não é estanque. Portanto, eu concentro-me em trabalhar com a energia do momento presente.

Isso significa que não realizo leituras de tarot a longo prazo ou atemporais, pois acredito que as respostas e as suas orientações estão intrinsecamente ligadas ao momento em que são feitas. A energia e as circunstâncias podem evoluir, e o tarot oferece insights valiosos para o momento presente, permitindo que as pessoas tomem decisões informadas e criem soluções criativas para seus desafios imediatos.

MulheresEmViagem.pt – Sobre mudanças de vida (e porque é sempre bom darmos a conhecer as nossas mudanças que poderão inspirar outros…)
Viveste na Indonésia quanto tempo? Só em Bali? Porquê esse país e essa ilha?

Miriam Augusto – Morei na Indonésia dois anos e meio, com Bali como a minha base principal. Durante este período, também passei quatro meses numa outra ilha do país, pela qual tenho um carinho muito especial.

A minha história com a Indonésia e, especificamente com Bali, remonta a 2014, aquando fiz uma solo trip de dois meses ao país. Inicialmente, a Indonésia não estava na minha bucket list, mas algo me chamou para lá naquela época.

Na altura, estava a passar por uma depressão e senti uma espécie de chamamento interior para explorar o país sozinha. Comecei a minha jornada em Sumatra, depois fui para Java e Borneo.

Quando finalmente aterrei em Bali, ficou claro por que estava ali e morar lá rapidamente se tornou num objectivo. Durante o mês seguinte, Bali tornou-se a minha base enquanto explorava outras ilhas, como Sulawesi, Lombok, Gilis, Flores e Komodo.

A conexão com Bali é quase inexplicável. É uma ligação profunda a nível energético e espiritual. Parece que há algo na ilha que me é familiar, que me acolhe e, ao mesmo tempo, me desafia, me faz crescer. Bali é mais do que um lugar para mim; é uma casa, onde sinto que faço parte de sua cultura ancestral, do seu lado oculto e onde cresço muito a nível pessoal.

MulheresEmViagem.pt – Qual foi o maior desafio de estar a viver lá?

Miriam Augusto – Embora já conhecesse Bali e tivesse amigos lá, antes de me mudar, o maior desafio de viver na ilha foi a necessidade de me adaptar a um sistema completamente diferente daquele a que estava acostumada.

Bali é uma ilha incrível, mas a mudança para lá trouxe desafios notáveis, tanto a nível político, quanto social.

Morava em Canggu, o local onde sempre quis morar. Quando visitei Bali pela primeira vez, Canggu era uma mistura encantadora de praias e campos de arroz, um paraíso tranquilo.

No entanto, ao longo do tempo, o crescimento e a popularidade da zona, nomeadamente entre nómadas digitais, trouxeram alguns inconvenientes. A poluição, o trânsito congestionado, o barulho constante e a agitação provocada pelo grande número de turistas transformaram a área significativamente.

A atmosfera autêntica que inicialmente me cativou, deu lugar a uma vertente mais ocidentalizada, o que descaracterizou o local. É triste, mas faz parte!
Adaptar-me a essas mudanças enquanto tentava preservar a essência que me atraiu a Canggu foi um desafio constante. Ainda assim, a minha conexão com Bali e a sua cultura continua forte.

© Miriam Augusto
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MulheresEmViagem.pt – Li há pouco tempo a tua despedida de Bali e que dizias que tinha chegado a hora de mudar. A vida tem várias etapas e fases… Mas, que sinais foste recolhendo até tomar essa decisão?

Miriam Augusto – Essencialmente Bali deixou de ressoar comigo. Senti que já tinha tirado tudo o que podia daquela experiência e que, o facto de morar na ilha, já não estava a acrescentar valor.

Assim, tomei a decisão de vir a Portugal durante três meses (Março a Junho deste ano) para avaliar como me sentiria aqui. Desde o primeiro mês, percebi imediatamenteque queria voltar. Estava cheia de criatividade, motivação e entusiasmo, e sentia-me livre e leve novamente, sensações que Bali já não me proporcionava.

Ao mesmo tempo, à medida que a data do voo de regresso se aproximava, confesso que comecei a sentir ansiedade e uma resistência em voltar. Nunca tinha experimentado tal sentimento antes!

Apenas três dias após o meu regresso, tive a certeza de que não queria mais estar em Bali. Vendi todas as minhas coisas, aluguei a casa a uns amigos e encerrei esse capítulo da minha vida, tendo regressado definitivamente a Portugal em Julho deste ano.

Se quero voltar? Claro que sim, mas para visitar amigos. Para morar, neste momento não sinto que faça sentido.

MulheresEmViagem.pt Como humanos, temos uma resistência enorme à mudança e esperamos, muitas vezes, até não aguentarmos mais estar naquele “local”. Naquele degrau da vida. Seguem-se depressões, burnouts, etc…
Quando te chegam pessoas assim, com resistência à mudança… depois de aprenderem mais sobre o seu propósito, existe um melhor entendimento do que se está a “passar”, do que têm de mudar? Lidam melhor com as mudanças?

Miriam Augusto – A resistência à mudança é um desafio comum e humano e, de facto, há muitas pessoas a chegarem até mim à procura de respostas, de orientação, de clarificação e até mesmo de cura.

O primeiro passo crucial para qualquer mudança significativa na vida, é a tomada de consciência. Portanto, ao procurarem uma leitura com esse intuito, já é positivo. No entanto, o entenderem a origem dos seus desafios e as áreas que precisam trabalhar para mudar e superá-los, nem sempre se traduz numa mudança imediata.

A mudança real, requer mais do que simplesmente compreender a situação. É preciso coragem e força de vontade para sair da zona de conforto, da zona de segurança. Sair dali é abraçar o desconhecido e isto, para além de ser um processo, pode ser, e é, assustador. É natural que as pessoas hesitem em fazê-lo.

Ao mesmo tempo, cada indivíduo tem seu próprio ritmo de mudança. Algumas pessoas podem dar o passo seguinte imediatamente após uma sessão comigo, enquanto outras podem precisar de mais tempo para se preparar emocionalmente e psicologicamente para a mesma. Ou seja, é um processo individual e não deve ser forçado, mas sim respeitado.

Só uma pequena chamada de atenção relativamente ao nosso propósito. O facto de estarmos alinhados com o nosso propósito, não é garantia de uma vida plena. Nós podemos estar a cumprir o nosso propósito e termos, por exemplo, uma vida amorosa que não nos preenche, que nos causa dor e sofrimento.

Há uma ideia romantizada relativamente ao propósito de vida, que se estivermos alinhados e a cumpri-lo deixamos de ter desafios e não é bem assim :) Também não se confunda propósito de vida com aquilo que fazemos a nível profissional, poderá estar ligado, como não.

MulheresEmViagem.pt – *E o que significa Jalan Jalan?

Miriam Augusto – “Jalan Jalan” é uma expressão indonésia que tem um significado muito interessante e abrangente. Significa “dar uma volta”, “viajar” ou “passear”. É uma frase versátil que pode ser usada em várias ocasiões.

Na Indonésia, quando alguém pergunta “Onde vais?” e a resposta é “Jalan Jalan!” significa que vais numa aventura, seja ela uma simples caminhada ou uma viagem mais longa, para um local distante, como outro país.

No fundo, é uma expressão que reflete a ideia de explorar, descobrir e experimentar coisas novas, o que a conecta com a minha jornada pessoal, onde tenho “viajado” dentro e fora de mim mesma, explorando tanto o mundo interno quanto o externo. Esta conexão entre a expressão e a minha própria jornada, foi o mote para baptizar o meu projecto de Jalan Jalan.

© Miriam Augusto
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