A viver num mundo só seu… Virginia Woolf, a escritora britânica, é uma das nossas escolhas para a lista de mulheres que influenciaram o movimento feminista não só pelo talento mas pelas ideias vanguardistas que, na sua altura, já tiveram destaque e que reuniram muitas seguidoras na vaga feminista dos anos 70.
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Nascida a 25 de janeiro de 1882, em Kensigton, no Reino Unido, Virginia cresceu num ambiente literário e erudito, muito graças ao seu pai, Sir Leslie Stephen – historiador, escritor, ensaísta e biógrafo. Este, deu-lhe aulas em casa, como também outros tutores.
A primeira crise da autora surgiu aos 13 anos, após a morte da sua mãe. Durante a sua vida, Virginia Woolf lutou com problemas do foro psicológico e outros acontecimentos haviam de espoletar crises maníaco-depressivas, o que hoje em dia conhecemos como transtorno bipolar. Esta sua condição está presente nas suas obras, pois Woolf explora com mestria o espaço psicológico – um acompanhamento profundo do pensamento dos personagens e do seu inconsciente.
Cedo começou a publicar os seus trabalhos em conhecidos jornais, como o The Guardian. Em 1912, casou com Leonard Woolf, e juntos fundaram a editora Hogarth Press, onde foram produzidas as suas obras. A editora também apostou em autores como T.S. Eliot e Katherine Mansfield, entre outros .
Virginia Woolf fez parte do Grupo de Bloomsbury, que reunia os intelectuais da época, de diversas artes, como John Maynard Keynes, economista, ou Duncan Grant, pintor pós-impressionista. Este grupo regia-se por ideais modernos, afastando-se da moralidade Vitoriana e dos valores convencionais.
Virginia Woolf publicou nove romances e 30 livros de outros géneros, destacando-se pela abordagem meticulosa e criativa dos personagens tal como a sua visão das mulheres e do seu papel no mundo. Na obra “Um quarto que Seja Seu”, de 1929, a autora salienta a diferença salarial entre homens e mulheres e as consequências disso, defendendo que sem independência financeira e um quarto próprio – para criar e trabalhar – as mulheres nunca teriam independência intelectual.
Realçou também a importância da educação para obter essa independência e liberdade. Desigualdades essas que, infelizmente, são ainda tão atuais. O conceito de papéis de género eram, para a autora, simples construções sociais, e entendia que isso colocava entraves para que as mulheres singrassem.
Para as mulheres que, tal como ela, quisessem escrever, dirigiu-lhes a sua famosa frase “uma mulher deve ter dinheiro e um tecto todo seu, se ela quiser escrever fição”.
A maior romancista lírica da língua inglesa suicidou-se aos 49 anos, em 1941, um ato atribuído a uma das suas crises depressivas. Deixou um bilhete de despedida para o seu marido, Leonard Woolf, e para a irmã, Vanessa Bell.
Para o seu marido, foi esta a sua despedida:
“Querido,
Tenho certeza de que enlouquecerei novamente. Sinto que não podemos passar por outro daqueles tempos terríveis. E, desta vez, não vou me recuperar. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Por isso estou a fazer o que me parece ser a melhor coisa a fazer. Você tem me dado a maior felicidade possível. Você tem sido, em todos os aspectos, tudo o que alguém poderia ser. Não acho que duas pessoas poderiam ter sido mais felizes, até a chegada dessa terrível doença. Não consigo mais lutar. Sei que estou a estragar a sua vida, que sem mim você poderia trabalhar. E você vai, eu sei. Veja que nem sequer consigo escrever isso apropriadamente. Não consigo ler. O que quero dizer é que devo toda a felicidade da minha vida a você. Você tem sido inteiramente paciente comigo e incrivelmente bom. Quero dizer que – todo mundo sabe disso. Se alguém pudesse me salvar teria sido você. Tudo se foi para mim, menos a certeza da sua bondade. Não posso continuar a estragar a sua vida. Não creio que duas pessoas poderiam ter sido mais felizes do que nós.
V.”
(Bilhete de despedida retirado daqui )
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