Largou (quase) tudo e saiu de Portugal sem grandes planos, numa autocaravana a conduzir pela Europa fora. Começou por ser algo que tinha um tempo marcado e, depois, passou a ser um modo de vida. Chama-se Juliana e viaja sozinha…. bem, na verdade, está (muito bem) acompanhada pelas suas duas cadelas e duas gatas. E as cinco têm tido uma vida de viajantes por diversos recantos europeus. Conheçam o CatMobil Project.
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MulheresEmViagem.pt – Queres deixar-nos uma breve apresentação?
CatMobil Project – Chamo-me Juliana, mas toda a gente me trata por Julie. Tenho 39 anos e faço artesanato. Anteriormente, fazia produção de conteúdos. Nomeadamente escritas de guiões turísticos para museus e veículos turísticos. Como é o caso do Yellowboat, no Tejo ou o World of Discoveries, no Porto.
MulheresEmViagem.pt – Como e quando surgiu a ideia de ter e viver numa autocaravana?
CatMobil Project – A ideia de ter uma autocaravana surgiu numa viagem (aluguer) ao sul de Espanha, em 2018. Gostámos tanto que ambos, eu e o João, dissemos que um dia teríamos a nossa.
MulheresEmViagem.pt – Quais os maiores desafios de viver numa autocaravana?
CatMobil Project – Diria a gestão de espaço. Há que estabelecer prioridades para tudo. Comida e bens pessoais.
MulheresEmViagem.pt – É um modo de vida ou é algo transitório a que te propuseste durante algum tempo?
CatMobil Project – Curiosamente, foi algo transitório que se transformou num modo de vida.
MulheresEmViagem.pt – Andas a viajar pela Europa, quais os países que notas que estão mais preparados para receberem autocaravanistas?
CatMobil Project – França e Itália, sem dúvida. Imensas áreas para autocaravanas.
MulheresEmViagem.pt – Encontras outras mulheres que viajam sozinhas em autocaravanas, como tu?
CatMobil Project – Neste ano e meio, deparei-me com apenas quatro mulheres. Sendo que apenas duas estavam a viajar a longo tempo. Mas nenhuma com animais.
MulheresEmViagem.pt – Entre os caravanistas há trocas de experiências, partilhas, quando se cruzam?
CatMobil Project – Sim, quase sempre. É a magia deste estilo de vida. Encontro pessoas genuinamente bondosas e partilhámos momentos inesquecíveis.
MulheresEmViagem.pt – Foste vítima de um assalto. Em que país foi? Podes dar alguns conselhos de segurança, para outras pessoas e principalmente mulheres que estejam a viajar sozinhas?
CatMobil Project – Foi na Grécia. Mas muito sinceramente não há grande coisa a fazer em relação a este tema. São coisas que acontecem. É como estacionar o nosso carro num local e chegar lá e ter um vidro partido. Acontece muito, infelizmente. O que faço é evitar os locais que tenham comentários de outros caravanistas sobre este tema, nas apps de pernoita. Se há feedback de roubos ou tentativas naquela área, o ideal é não deixar o veículo sozinho ou simplesmente, procurar outro local.
Por exemplo, em Atenas todos os locais de estacionamento para autocaravanas nas apps de pernoita, tinham feedback de roubos ou tentativas, pelo que, como estava a viajar com outro campista, um de nós ficava junto dos veículos enquanto o outro fazia o que tinha a fazer na cidade.
MulheresEmViagem.pt – Tens tido muitas histórias de outros autocaravanistas que tens encontrado pelo caminho. São pessoas mais velhas, novas? Mais casais que usam mesmo a autocaravana como casa e não apenas para viajar?…
CatMobil Project – A maioria são casais jovens ou reformados. E nesta área, uns 95% alemães. A maioria está a fazer o típico roteiro europeu e um ano em viagem ou menos. Contudo, conheci dois casais que estavam a full time nos veículos.
MulheresEmViagem.pt – Qual foi o maior problema/desafio que já tiveste de lidar na autocaravana?
CatMobil Project – O maior susto de todos foi não ter travões e quase ter um acidente. Tinha levado a Catmobil a um mecânico na Alemanha, que me tinha sido indicado por um amigo, e mandou-me para a estrada sem nenhum dos travões a funcionar. Durante algum tempo tive medo de conduzir.
MulheresEmViagem.pt – Quanto tempo vais continuar a viajar?
CatMobil Project – Os planos têm saído todos os lado. Era só para ser um escape de três meses em Espanha e acabei na Grécia ao fim de ano e meio. Por isso, logo se verá!
