Projeto “52 Mulheres em 2025 – MEV, MulheresEmViagem.pt”. A história de uma mulher, por cada semana do ano. Durante o ano de 2025, o MulheresEmViagem.pt faz uma homenagem a Mulheres de todo o Mundo, de vários países, de várias áreas de formação, que se tornaram referências. Algumas já não estão entre nós, mas muitas outras ainda estão a transformar o nosso mundo, dia após dia, com o seu esforço e trabalho por um mundo mais igualitário! Por um mundo com mais referências femininas, sobretudo em áreas que nos estiveram vedadas durante séculos (milénios, por vezes…).
Infância e Diagnóstico
Helen Adams Keller nasceu a 27 de junho de 1880, em Tuscumbia, no estado do Alabama, nos Estados Unidos. Até aos 19 meses, era uma criança saudável, mas uma doença súbita — possivelmente escarlatina ou meningite — deixou-a surda e cega. Esta transformação radical mergulhou-a num mundo de escuridão e silêncio, sem qualquer meio eficaz de comunicação com os que a rodeavam.
Sem conseguir compreender ou expressar-se, Helen tornou-se frustrada e agitada. As tentativas da família para a ajudar foram várias, mas foi apenas com a chegada de uma tutora, muito especial, que a sua vida mudou radicalmente.
Anne Sullivan: O Milagre
Em 1887, quando Helen tinha sete anos, os pais contrataram Anne Sullivan, uma jovem professora com formação no Instituto Perkins para Cegos, em Boston. Anne, também ela parcialmente cega, iniciou o árduo processo de educar Helen com métodos inovadores.
A grande viragem deu-se quando Anne ensinou a palavra “água”, soletrando-a na palma da mão de Helen enquanto deixava a água correr sobre a outra mão. Esse momento de compreensão foi descrito por Helen como o “despertar da alma”. A partir daí, o progresso foi extraordinário. Helen aprendeu a comunicar através do alfabeto manual, leitura em braille, e mais tarde aprendeu a falar com apoio intensivo.
Educação e Conquistas Académicas
Helen Keller não se ficou por aprender o essencial. Com o apoio constante de Anne Sullivan (que se tornaria sua companheira por toda a vida), Helen foi admitida na prestigiada Universidade de Radcliffe, em 1900, onde se formou com distinção em 1904. Foi a primeira pessoa surdocega a obter um diploma universitário.
Além dos estudos, Helen escreveu diversos livros, incluindo a sua autobiografia, “The Story of My Life” (1903), que se tornou um clássico da literatura motivacional e um testemunho poderoso da sua luta e conquista.
Ativismo e Legado
Mais do que uma intelectual brilhante, Helen Keller foi uma defensora incansável dos direitos das pessoas com deficiência. Lutou por igualdade, acessibilidade e educação inclusiva, numa época em que o preconceito era muito mais acentuado do que hoje.
Helen também se envolveu em causas sociais mais amplas, como o sufrágio feminino, o pacifismo, o socialismo e a luta contra a pobreza. Foi membro ativo da American Civil Liberties Union (ACLU) e colaborou com várias organizações internacionais dedicadas à cegueira, como a Fundação Americana para Cegos.
Até ao fim da sua vida, Helen percorreu o Mundo a dar conferências e a inspirar multidões com a sua história e os seus ideais.
Helen Keller faleceu a 1 de junho de 1968, aos 87 anos. O seu legado permanece vivo, não apenas nas instituições e fundações que ajudou a criar, mas também no exemplo de coragem, determinação e compaixão que deixou ao Mundo.
Curiosidades sobre Helen Keller
• Aprendeu cinco idiomas: Helen lia em inglês, francês, alemão, latim e grego em Braille.
• Amizade com personalidades: correspondia-se com grandes figuras da sua época, como Mark Twain, Alexander Graham Bell e Eleanor Roosevelt.
• Indicações ao Prémio Nobel: foi nomeada ao Prémio Nobel da Paz, em 1953.
• Inspirou filmes e peças: a sua história deu origem à famosa peça e filme “The Miracle Worker”, vencedor de dois Óscares.
• Primeira surdocega com diploma universitário: um feito notável ainda hoje reconhecido como pioneiro.
