Sugestões de Livros Feministas, por Helo Righetto

Feminismo © Pixabay

Participou nas “Conversas do Confinamento” sobre o tema Feminismo e, por isso, fazia todo o sentido pedirmos à Heloisa Righetto* para nos dar sugestões de livros feministas. Estudou feminismo e fundou um grupo de Conexão Feminista em que se debatiam todos os temas relacionados com a igualdade de género. De e pra mulheres. O projeto fez uma pausa, mas o feminismo está sempre em cima da mesa e, assim, surgem estas sugestões para quem quer estar dentro do assunto. 

Por, Heloisa Righetto*

1- “Men Who Hate Women” – Laura Bates

O mais recente livro da Laura Bates, fundadora do projeto Everyday Sexism, é uma leitura dificil. Laura descreve o funcionamento de comunidades online, protegidas pela falta de regulamentação da Internet, dedicadas a semear e espalhar misóginia e violência. Infelizmente, precisamos entender como e porquê esses espaços de ódio existem, para conseguirmos prevenir que mais meninos sejam cooptados. 

Men Who Hate Women
Men Who Hate Women

2 – “Kim Jiyoung, Born 1982” – Cho Nam-Joo 

Livro EXCELENTE (acho que em português o título é a tradução literal: Nascida em 1982, e vi que até tem filme), que apesar de ser ficção, usa contexto real do machismo na Coreia do Sul para contar a história de Kim Jiyoung, e a razão de ela desenvolver um problema de saúde mental. O final é muito bem bolado e eficaz para mostrar como machismo e um ciclo complicado de ser desfeito 

Kim Jiyoung, Born 1982
Kim Jiyoung, Born 1982

3 – She Said (Ela Disse) – de Jodi Kantor e Megan Twohey

Eu leio muito porém raramente por horas a fio. Esse livro foi uma das exceções. As jornalistas que, dia 5 de outubro de 2017, após meses de investigação, publicaram no New York Times a matéria que levou a público as décadas de abuso e assédio sexual cometidos pelo poderoso produtor de Hollywood, contam nesse livro o “making off” de como tudo aconteceu. É impressionante que, apesar da gente já saber o resultado, o livro traz toda uma nova dimensão: mulheres silenciadas, ameaças e até mesmo detetives particulares tentando contactar as jornalistas. O livro costura também as histórias publicadas no @nytimes dos abusos cometidos pelo presidente estadunidense e a história de Christine Blasey Ford. É um livro sensacional e indispensável.

She Said
She Said

4 (5 e 6) – Por que Lutamos? – de Manuela D’Avila 

Uma das perguntas que mais recebo é: me indica um livro pra eu começar a entender feminismo? Vou começar a colocar esse na lista (junto com o Sejamos Todos Feministas (5), da Chimamanda Adichie e o Você Já É Feminista (6) da @revistaazmina ). A Manuela escreve de maneira acessível, parece que você está conversando com ela, e explica alguns termos do vocabulário feminista, além de pincelar a importância da luta feminista em diversas questões. Li de uma vez só! Para quem já está mais habituada a ler sobre feminismo, é uma boa usar esse livro como referência para nos ajudar a dialogar com quem tem dúvidas.

Por que Lutamos?
Por que Lutamos?

7 – “The Five” – Hallie Rubenhold 

Quando a gente transforma um assassino de mulheres em um mito, em uma lenda urbana, em uma atração turística, em um nome de cocktail, em uma fantasia de Halloween, a gente pisa nos corpos das mulheres assassinadas por ele. A gente engrossa a voz que fala para mulheres – e mais ainda para mulheres pobres – que a vida delas vale menos. A gente esqueceu delas para lembrar dele. Mas esse livro, esse primor de livro, que nos abre as portas de uma Londres vitoriana como nenhum outro livro fez, nunca mais vai me fazer esquecer delas. Polly, Annie, Kate, Elizabeth e Mary Jane. Filhas, irmãs, mães, trabalhadoras, cheias de sonhos, cheias de qualidades, cheias de defeitos. Mulheres.

The Five
The Five
  • Lê aqui mais artigos sobre Feminismo

Quem escreveu este texto?

*Heloisa Righetto. Brasileira que vive em Londres e trabalha com conteúdo e comunicação no terceiro setor. É co-fundadora da Conexão Feminista, uma plataforma digital para falar de feminismo – que existiu entre 2015 e 2019 (os vídeos ainda podem ser encontrados no YouTube). Também fundou o “Garotas no Poder Reino Unido”, um grupo de ajuda mútua, para mulheres brasileiras e lusófonas, que vivem no Reino Unido, focado em divulgação de trabalho e oportunidades.