Projeto “52 Mulheres em 2025 – MEV, MulheresEmViagem.pt”. A história de uma mulher, por cada semana do ano. Durante o ano de 2025, o MulheresEmViagem.pt faz uma homenagem a Mulheres de todo o Mundo, de vários países, de várias áreas de formação, que se tornaram referências. Algumas já não estão entre nós, mas muitas outras ainda estão a transformar o nosso mundo, dia após dia, com o seu esforço e trabalho por um mundo mais igualitário! Por um mundo com mais referências femininas, sobretudo em áreas que nos estiveram vedadas durante séculos (milénios, por vezes…).
Phillis Wheatley: A Primeira Poetisa Afro-Americana Publicada
Uma Voz que Ecoou Através dos Séculos
Phillis Wheatley é um nome que marca um ponto de viragem na história da literatura afro-americana, uma vez que foi a primeira mulher afro-americana a publicar um livro de poesia. Nascida na África Ocidental por volta de 1753, a sua vida foi marcada por uma jornada extraordinária que a levou da escravidão, num navio, à aclamação literária em Boston.
Uma Infância Marcada pela Tragédia
A história de Phillis Wheatley antes de chegar à América é um mistério. Sabe-se apenas que foi capturada e vendida como escrava quando tinha cerca de oito anos. Chegou a Boston em 1761 a bordo do navio negreiro Phillis, que lhe daria o nome pelo qual seria conhecida. Comprada pela família Wheatley, teve acesso a uma educação incomum para uma escrava, aprendendo a ler, escrever e, mais tarde, latim e grego.
O Nascimento de uma Poetisa
A inteligência e a paixão de Phillis pela escrita manifestaram-se desde cedo. Ainda adolescente, começou a compor poemas que impressionaram os mentores e a sociedade de Boston. A sua obra, marcada por um profundo sentido religioso e pela influência dos poetas clássicos, abordava temas como a liberdade, a igualdade e a condição humana.
Em 1773, com apenas 20 anos, Phillis Wheatley publicou o seu primeiro livro de poemas, “Poems on Various Subjects, Religious and Moral”. A obra foi aclamada tanto nos Estados Unidos, como na Inglaterra, e a jovem poetisa recebeu elogios de figuras proeminentes da época, como o Presidente George Washington.
Uma Vida Contraditória
A fama de Phillis Wheatley, no entanto, não a libertou das amarras da escravidão. Embora lhe tenha sido concedida a liberdade, em 1778, a sua vida continuou marcada por dificuldades financeiras e sociais. Casou-se com John Peters, um homem livre, mas o casamento foi marcado por problemas e instabilidade.
A obra de Phillis Wheatley, no entanto, continuou a ser reconhecida e estudada. Os seus poemas, que expressam tanto a dor da escravidão, quanto a esperança em um futuro melhor. E são considerados um marco importante na literatura americana.
O Legado de Phillis Wheatley
A história de Phillis Wheatley é um testemunho da força do espírito humano e da capacidade da arte de transcender as barreiras sociais. A sua vida e obra desafiam a noção de que a escravidão era capaz de apagar a individualidade e o talento.
O que Distinguiu Phillis Wheatley?
- Primeira publicação: foi a primeira mulher afro-americana a publicar um livro de poesia, abrindo caminho para futuras gerações de escritores negros.
- Educação incomum: teve acesso a uma educação formal, o que era raro para escravos, especialmente mulheres.
- Versatilidade temática: os seus poemas abordavam um amplo leque de temas, desde a religião e a moralidade até a condição humana e a política.
- Influência clássica: a sua obra demonstrava um profundo conhecimento da literatura clássica, o que era incomum para escritores de sua época.
- Voz única: a sua voz poética, marcada por um lirismo intenso e por uma profunda espiritualidade, tornou-a uma figura singular na literatura americana.
Para Saber Mais:
- Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Phillis_Wheatley
- Biografias de Mulheres Africanas – UFRGS: https://www.ufrgs.br/africanas/wheatley-phillis-1753-1784/
- Beco das Palavras: https://becodaspalavras.com/2020/01/01/phillis-wheatley/
A história de Phillis Wheatley é um lembrete de que a voz daqueles que foram marginalizados e silenciados pode ecoar através dos séculos. A sua obra continua a inspirar e a desafiar, convidando a refletir sobre a complexidade da história americana e a importância da luta por justiça e igualdade.
