O Dia Mundial da Menopausa é celebrado a 18 de outubro e serve para recordar a importância de falar e informar sobre esta importante (e desafiante!) etapa da vida das mulheres. Tal como a menstruação, a sexualidade, a maternidade, também a menopausa deve ter acompanhamento e ser abordada com as especificidades próprias: cada mulher é uma e todas somos diferentes. A data foi criada pela Sociedade Internacional da Menopausa e reconhecida oficialmente pela Organização Mundial da Saude (OMS).
O tema da pré-menopausa é trazido aos MulheresEmViagem.pt por Alia Mira*, farmacêutica e fundadora da DOC, revista digital de saúde.
Pré-Menopausa: como lidamos com ela?
Texto de Alia Mira*
Todas temos medo de envelhecer. As rugas assustam, a flacidez faz tremer o coração, mas talvez o primeiro receio coincida com o primeiro sintoma de uma pré-menopausa. Nestes assuntos do corpo, da menstruação e (in)fertilidade, ainda há muita vergonha, e o principal motivo é o julgamento dos outros. A informação sobre este tópico é por vezes escassa, mas a pergunta é imediata: “Como estás a lidar com o facto de estares a entrar na menopausa?”
A menopausa é, na teoria, o desaparecimento da menstruação por, pelo menos, doze meses consecutivos, sendo que a fase que a antecede se chama de pré-menopausa. Esta pode durar quatro a seis anos, iniciando-se regra geral, por volta dos 45 (ou antes), sujeita sempre à variabilidade individual de cada mulher. É nesta etapa que surgem alguns sintomas, os quais se acentuam na menopausa, e é também nesta etapa que a maioria das mulheres recebe este aviso do corpo. Na verdade, tudo tem um princípio e um fim, e aceitar que estamos a mudar e a caminhar para um término, pode levar tempo e pode levar-nos a passar por muitas sensações e sentimentos.
Mas, o corpo é paciente e mostra-nos que chegar de mansinho é mais generoso. Por isso, a pré-menopausa é uma consequência direta da descida gradual dos níveis de estrogénio (e progesterona), e esta é a principal razão para que surjam:
1. Ciclos irregulares
É possível que os ciclos reduzam, que hajam meses sem menstruação, mas é normal que volte a surgir sangramento em qualquer momento. Nesta fase, o melhor mesmo é estares sempre prevenida. Trust me! I´m a theraphist! :)
2. Variações no fluxo menstrual
É natural que o sangramento se torne escasso ou muito abundante. Anota estas mudanças e referencia ao teu ginecologista.
3. Afrontamentos
Ondas de calor repentinas sem explicação aparente que podem terminar em suores frios, são provavelmente o sintoma mais conhecido e mais odiado desta fase. A diminuição do nível de estrogénio interrompe o mecanismo de regulação da temperatura, e por isso são enviados sinais errados de que o corpo está demasiado quente. Fatores externos podem agravar os afrontamentos, pelo que deves ponderar a ingestão de café, comida picante, tabaco e situações de stress. Por outro, há suplementos alimentares, à base de plantas e ingredientes naturais, que ajudam a aliviar estes sintomas.
4. Insónias
A descida hormonal com os consequentes afrontamentos, são a principal causa de noites mal dormidas e de cansaço. Adotar medidas de higiene do sono é uma boa dica.
5. Irritabilidade e tristeza
As consequências psicológicas da pré-menopausa são reais e não devem ser menosprezadas. É natural que surjam alterações de humor radicais, ansiedade ou tristeza, sendo que praticar exercício físico, aumenta o nível de serotonina e consequentemente, a sensação de bem-estar. Ainda assim, está atenta e procura ajuda se não tiveres a conseguir lidar com a situação.
6. Secura geral
O cabelo torna-se baço, a pele ressequida, as unhas frágeis e a secura vaginal pode ser problemática. Escolhe cremes com colagénio e vitamina C, e champôs com componentes hidratantes. Os suplementos para fortalecer o cabelo e unhas podem ser uma boa opção. A secura vaginal pode atenuar-se com recurso a medicamentos tópicos específicos, aconselha-te com o teu médico.
Pergunto: com esta informação, o fim torna-se aceitável?
A vida lá fora é frenética, mas nós só temos medo do que não conhecemos, não é?
Por isso, saber o que está para vir e estar preparada para aceitar o nosso corpo é fulcral para o nosso bem-estar porque, na verdade, os 40 são uma idade como outra qualquer.
Envelhecer é uma coisa maravilhosa, e ter a perfeita noção disso, muda muito a perspectiva do tempo e da vida em si. “Estou velha” torna-se redutor quando se percebe que no fim de contas, a meia-idade é um bom sítio para se viver.
Quem é Alia Mira?* 35 anos, filha e neta de emigrantes no Canadá, nasce na cidade de Winnipeg em 1985, vindo para Portugal com apenas 1 ano de vida. Formou-se em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de Coimbra em 2008, exercendo desde então, em farmácia comunitária. Em 2019 cria a DOC, uma revista digital de saúde, à qual se dedica em part-time, estabelecendo contactos com outros profissionais de saúde. Colabora, desde 2020, com a Linha SNS24, na triagem de doentes de COVID-19. Segue-a no Instagram.