Depois do confinamento geral, todos aguardamos melhores dias para progressivamente desconfinar da maneira que mais gostamos. As caminhadas, por vários locais de Portugal, percorrendo trilhos e percursos pedestres, são algumas das sugestões, para ficar… de alma cheia e corpo cansado.
Por, Maria João Leite*
O título contém uma frase que reflete bem o que sinto depois de um dia bem passado, seja em forma de caminhada ou de um jantar com direito a dança, por exemplo. Alma cheia, corpo cansado. Quando ponho os pés ao caminho, canso o corpo, mas clarifico as ideias. As pernas vão ficando pesadas e os músculos doridos, mas a alma vai ficando livre e leve como uma pena. Os quilómetros transformam-se numa sequência de metros de reflexão, de boa energia, de silêncio intercalado com conversas (comigo e com os outros). E, seja para onde for, o importante é ir.
Comecei por gostar da montanha nos escuteiros, que me levou durante anos a fio, e desde muito nova, por montes, vales e aldeias do nosso país. Levou-me ao alto de variadas serras, da Agra à Gralheira, da Freita à Lousã, e orientou-me em trilhos distintos, de Valongo aos Pirenéus. O gosto permaneceu, mesmo quando saí do movimento, há quase vinte anos. E depois de algum tempo com as botas arrumadas, estas voltaram a sair para novas experiências com amigos, de passeios em Amarante ou em Estarreja aos caminhos percorridos em Marrocos (pelo Toubkal), nos Picos da Europa (pela Ruta del Cares) ou na costa da Galiza (pelo Camiño dos Faros).
Em casa, confinada, é recorrente sonhar com viagens. Tenho saudades de conhecer outras terras e culturas, de respirar outros ares, do simples ato de fazer as malas, de andar de avião ou de comboio… As caminhadas não são, de todo, um substituto, mas têm compensado essa ausência, pois fazem mais vezes parte da rotina e são uma outra forma de viajar. É bom sair de casa, nem que seja por apenas duas horas num domingo de manhã.
Neste último ano, em tempos de pandemia, tenho feito mais caminhadas, respirando ar puro e fazendo por usufruir o mais possível das paisagens maravilhosas que me vão surgindo pela frente, com a eventual possibilidade de mergulho nos rios e nas cascatas, quando o tempo o permite e quando o corpo tem coragem de enfrentar a água fria. O corpo chega a casa cansado, mas a alma está cheia e renovada.
Aqui ficam algumas das caminhadas que fiz no último ano:
PR14 A Aldeia Mágica (Regoufe – Drave): 8 quilómetros (ida e volta) – ver aqui
PR2 Trilho dos Três Rios (Albergaria-a-Velha): 15,7 quilómetros – ver aqui
PR10 Trilho do Gresso (Sever do Vouga): 11,9 quilómetros – ver aqui
PR2 Rota das Bétulas + Trilho dos Incas (Serra da Arada, aldeia de Candal): 16,7 Km – ver aqui
Percurso do Salreu (BioRia, Estarreja): 7,7 quilómetros – ver aqui
PR4 Pateira de Frossos (Albergaria-a-Velha): 8,15 quilómetros – ver aqui e aqui
PR16 São Pedro Velho (Serra da Freita): 13 quilómetros – ver aqui
Quem escreveu este texto?
*Maria João Leite, 44 anos, mulher, filha, amiga, amante e companheira. Entre tantas outras coisas, gosta de viagens, de música, de livros, de filmes e séries… Gosta de estar entre amigos e rir (muito!), de beber um copo de vinho (branco ou tinto, conforme o momento) e de cerveja ‘a estalar’. É também jornalista.