Muitos são os livros que nos inspiram a almejar muito mais para todas as mulheres e chegam-nos de diferentes formas. Uns passam a mensagem com humor, contando situações insólitas com as quais todas nos relacionamos. Outros, assumem um tom mais académico. Outros tantos, contam histórias sem qualquer pretensão feminista mas que acabam por ter mensagens fortes subliminares através de personagens fascinantes.
É inegável que a leitura feminista tem ganho espaço nas estantes das livrarias e das nossas casas, com temas atuais e prementes, mas os que mais me surpreendem são obras preexistentes a qualquer conceito de feminismo, apenas com a sólida crença que as mulheres não eram seres inferiores, mesmo que todos os outros à sua volta acreditassem que sim.
Ficam aqui algumas sugestões de livros que abrangem um pouco de todas essas áreas.
1. Redefining Realness
de Janet Mock
Uma das mais conhecidas activistas transgénero dos Estados Unidos conta-nos a sua experiência nesta biografia, uma história de uma mulher, multi-racial, que vem de um meio complicado conseguindo ultrapassar todos os obstáculos que foram postos no seu caminho. Uma verdadeira inspiração.
2. Men Explain Things to Me
de Rebecca Solnit
Conhecem o termo “mansplaining”? Rebecca Solnit popularizou esse termo ao constatar a quantidade de vezes que um homem explica algo a uma mulher, com condescendência, mesmo que o assunto seja fora da sua área de conhecimento e que essa mulher seja uma expert nessa matéria. A autora não só difundiu esse termo como também colecionou inúmeras histórias de situação insólitas mas que, infelizmente, acontecem a muitas mulheres. A sua escrita é bastante direta e pulvilhada com humor.
3. Bad Feminist
de Roxane Gay
Roxane Gay aborda com humor temas bastante atuais expondo as suas imperfeições e constantes lutas interiores, das mais profundas ou ao simples dilema de ouvir certas músicas de hip-hop (que adora) tendo noção do quão degradantes são as suas letras para qualquer mulher. No fundo, mostra várias facetas do feminismo e que todo o processo está cheio de dúvidas, imperfeições e muita aprendizagem.
4. Little Women
Louisa May Alcott
Incrível como um livro publicado em 1868 continua a ser tão atual e contundente! Desde miúda que adoro esta história pela amizade de irmãs tão diferentes e tão unidas, sob a alçada de uma mulher forte e corajosa. Através de narrativas tão distintas vemos a multitude de formas que o feminismo assume. Para alguém, pode ser ter uma carreira numa área pouco ou nada recetiva a mulheres, para outra pessoa pode ser criar uma família feliz. Não há certo nem errado, só uma vontade em comum de em antigirem o maior objetivo na vida: serem felizes.
5. Mulheres Viajantes
Sónia Serrano
Sónia Serrano conta-nos a história de 18 mulheres que desafiaram as regras e todas as convenções das suas épocas. Estas mulheres fizeram-se à estrada para atingirem os seus objectivos, mesmo tendo que se disfarçar de homens, outras entraram em locais que só os mais destemidos se atreveriam. Uma abordagem interessante a tudo a que estas pioneiras se sujeitaram para fazerem coisas que nós, hoje em dia, damos por garantidas.
6. Mulheres, Sexualidade, Deficiência
de Ana Cristina Santos, Fernando Fontes, Bruno Sena Martins e Ana Lúcia Santos
Este livro revela o quão pouco se discute a sexualidade das mulheres com deficiência, com todos os obstáculos socioculturais e económicos subjacentes. É feita uma abordagem sociológica e crítica a um assunto tabu na sociedade portuguesa.
7. Don’t Hold my Head Down
de Lucy-Anne Holmes
A autora leva-nos numa viagem de auto-descobrimento sexual, apontado tudo aquilo que desconhecia nos seus 30 anos. Um alarme para a ignorância e desprezo em relação ao nosso próprio corpo, daquilo que queremos e, principalmente, mostra-nos como verbalizar o que não queremos, num mundo que sempre nos fez crer que as mulheres existem para dar prazer e alimentar fantasias masculinas, nunca como recetoras e merecedoras também elas desse prazer. Com humor e honestidade, acompanhamos as aventuras da escritora britânica.
8. A Vindication of the Rights of Woman
Mary Wollstonecraft
Uma Vindicação dos Direitos da Mulher é uma das pedras basilares do femininismo atual, e foi publicado em 1792. Wollstonecraft inspirou-se nas revolucionárias da sua época para escrever uma obra que expunha os vícios de uma sociedade patriarcal defendendo a igualdade de direitos das mulheres. É uma das mães do feminismo muito antes sequer do termo existir.
9. Sagrado Feminino
de Inês Gaya
Este livro de Inês Gaya – terapeuta-psico-corporal, psicóloga e especialista em espiritualidade feminina – promove auto-conhecimento e regeneração através de técnicas ancestrais, meditações, rituais e uma miríade de exercícios para que cada mulher se conheça real e profundamente e aprenda a ouvir o seu corpo.
10. Gender Outlaw
de Kate Bornstein
O feminismo visto de uma perpetiva não-binária, ou seja, Bornstein analisa este movimento libertando-se dos dois pólos (masculino-feminino) trazendo maior fluidez a este tópico. A autora debruça-se sobre as falácias inerentes a quando nos ficamos por uma observação superficial de géneros e todos os papéis expectáveis de cada um, recusando as ideias arcaicas do que alguém – independentemente do seu sexo – deve ser ou fazer.